Masculinidade Padronizada e a Necessidade de Diversidade

Em muitas culturas, como no Brasil, há uma imposição de um modelo de masculinidade padronizada. Esse padrão frequentemente se refere a um homem branco, heterossexual, católico, de classe média, magro e, de preferência, casado com uma mulher também branca, com um casal de filhos. Se você não se encaixa nesse grupo, é provável que, em algum momento, tenha recebido um olhar de reprovação, um comentário malicioso ou até mesmo uma piada que coloca sua virilidade em questionamento.

Essa imposição de uma masculinidade homogênea ignora a diversidade presente nas expressões masculinas. Criar filhos para seguir esse modelo rígido e exclusivo pode ser considerado uma violência simbólica, pois não reconhece a pluralidade das identidades humanas. Ao não aceitar a diversidade nas formas de viver e expressar a masculinidade, perpetuamos um ciclo de repressão e intolerância que pode impactar profundamente a sociedade.

A Diversidade nas Formas de Expressar a Masculinidade

A masculinidade pode ser expressa de maneiras múltiplas e não deve ser limitada pelos símbolos, preferências ou comportamentos impostos pela cultura ou sociedade. É essencial reconhecer que qualquer criança, independentemente do gênero, tem o direito de expressar seus sentimentos livremente. Isso inclui a possibilidade de chorar, sentir medo, gostar de cores como rosa ou azul, brincar com bonecas ou panelinhas – sem que isso seja visto como algo inferior, vergonhoso ou errado.

Esse processo é particularmente importante no caso dos meninos, que muitas vezes são mais pressionados a corresponder a uma imagem de virilidade associada à força e à ausência de emoções. Ao respeitar a diversidade das experiências masculinas, criamos uma sociedade mais empática, onde a sensibilidade e a liberdade de expressão são valorizadas.

Impactos Positivos de uma Masculinidade Diversificada

Ao permitir que as crianças explorem livremente suas emoções e interesses, sem os limites impostos pela masculinidade padronizada, podemos formar uma geração de adultos mais equilibrados e saudáveis. Talvez essa liberdade infantil gere futuros pediatras, chefs de cozinha, artistas e líderes empresariais mais sensíveis e com maior empatia.

Nossa sociedade deve entender que experimentar e alimentar a curiosidade faz parte de uma infância saudável. Reprimir essas experiências pode resultar em adultos frustrados, emocionalmente reprimidos, e com dificuldades em manter relacionamentos saudáveis e funcionais. A masculinidade tóxica é muitas vezes fruto dessa repressão durante a infância.

Refletindo Sobre a Diversidade no Dia a Dia

Sempre que tiver a oportunidade, reflita antes de negar um pedido de seu filho ou filha. Muitas vezes, um simples “não” retumbante pode impedir que a criança explore sua própria individualidade e sua maneira única de ver o mundo. Promover a diversidade nas experiências infantis não só ajuda na formação de adultos mais completos, como também contribui para uma sociedade mais inclusiva e justa.

Magnor Müller

Doutor Especialista em Diversidade, Inclusão e ESG

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