O trabalho e a extensão de abusos sofridos pelas pessoas

Dois fatos: há tempos trabalhava numa empresa e uma colega havia se tornado mãe. Passaram-se alguns meses e um dia ela chegou no trabalho com o olho roxo contando que, ao se debruçar para pegar sua filha no berço, a criança se levantou e bateu no seu olho causando o hematoma.

Já a segunda experiência foi na minha casa. A moça que fazia a limpeza, numa segunda-feira, também estava com o rosto machucado e me disse que havia ajudado sua mãe a trocar o roupeiro de lugar quando uma das portas se abriu e bateu no seu rosto o deixando, na área do olho direito, roxo.

Disse que eu não acreditava na história contada e que se ela quisesse a acompanharia até uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência. Ela se calou e não tocamos mais no assunto. Duas semanas depois ela se separou do namorado porque ele era uma pessoa muito difícil de conviver, ela me relatou.

Esses dois exemplos servem para provocar a seguinte questão: um indivíduo que sofre abuso de qualquer tipo na sua vida social perceberá que está sendo assediado por alguém, dentro da empresa, quando essa pessoa é sutil na sua abordagem?

Imagem: Freepik

É provável que não, pois, com o passar do tempo os abusos se tornam parte da vida cotidiana de algumas pessoas e elas normalizam tais atitudes.

Comumente, só considerarão algo excessivo e inapropriado o que for vivido pela primeira vez e ultrapassar o limite que elas entenderem por violência.

Diante disso é importante que as pessoas das nossas redes de relações (no trabalho, na escola, nas instituições religiosas, na família, no clube etc.) fiquem atentas aos sinais de violência, discriminação e assédio.

Quem assedia, discrimina e violente tem suas estratégias de sedução, envolvimento e proteção. Não é por acaso que a maioria dos casos que conhecemos acontecem em relações desiguais de poder e sociais.

Se você quiser, converse com pessoas sobre esse assunto e, quem sabe, ajude a eliminar, proteger ou denunciar casos de assédio, violência e discriminação!

Magnor Müller

DGS Consultoria