Inicio esse post com uma pergunta que pode parecer estranha para algumas pessoas. É comum imaginarmos que quem sofre assédio, seja moral, físico ou simbólico sejam somente as mulheres.
Mas homens também são vítimas dele (do assédio). A diferença pode ser que eles não compreendem as situações como desrespeito à sua individualidade já que podem ser cegados pelo machismo e misoginia.
Vou dar um exemplo prático:
Há uma marchinha de carnaval cuja letra é: “olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? Será que ele é?”. O Zezé pode pensar, cegamente, que estão perguntando se ele é bom de cama, sedutor, bonito, forte, másculo.
Porém, na minha experiência, todas as pessoas do meu universo social e nos poucos bailes de carnaval que participei cantam/cantavam a música com o intuito de obter uma só resposta. Ou seja, será que ele é gay? Será que é veado? Será que é bicha? Digo isso porque após a música perguntar o que o Zezé é, ouvi/ouvia um coro que complementava a pergunta com as palavras bicha, veado, gay.
Poderíamos querer saber sobre sua profissão, sobre sua etnia, raça, time de futebol, tipo sanguíneo, altura, massa corporal.
Mas não! O que nos interessa é o que ele faz entre 4 paredes. Nos sentimos à vontade de invadir a sua individualidade, sua intimidade por acharmos que isso nos diz respeito e, talvez, para podermos fofocar sobre o Zezé. Não estamos interessados se vamos magoá-lo, feri-lo, incomodá-lo. Nossa única preocupação é satisfazer nossa curiosidade, esclarecer uma dúvida.
Entendo essa situação como uma importunação a ele. Ele não deve satisfação da sua vida para ninguém e isso inclui sua vida sexual. Acho que estamos assediando moralmente o Zezé. Estamos em risco de sermos processados por assédio moral e, ao invés de viajarmos de férias, teremos que utilizar o dinheiro economizado para pagar indenização num processo judicial por assédio.
A DGS tem as ferramentas para que tu viajes sozinho e com a tua família. Deixemos o Zezé viver em paz!
